Conheça a origem histórica da celebração – e o
método confuso por meio do qual se decide em que dia ela vai cair.
O Corpus Christi é um feriado sempre bem-vindo: ele
quebra o jejum de feriados nacionais que acomete o país depois de 1º de maio, quando
se celebra o Dia do Trabalho. Sem contar que ele acontece em junho, época das
aguardadas festas juninas –
e, vamos combinar, passar uns dias longe do trabalho não faz mal a ninguém, né?
Mas por
que, todo ano, em alguma quinta-feira de junho, ganhamos uns dias de folga?
Bom, se você não é muito religioso, talvez precise se interessar um pouquinho
para entender a origem desse feriado, celebrado desde 1264.
O nome da efeméride já dá pistas sobre o que ela
significa: corpus Christi, em latim, quer
dizer “corpo de Cristo”. A data é usada pelos católicos (e alguns cristãos
anglicanos) para lembrar a morte e a ressurreição de Jesus.
E por que
junho? A comemoração acontece exatamente 60 dias após a Páscoa, mas o feriado
se dá sempre em uma quinta-feira – a Última Ceia, o jantar derradeiro de Jesus
com seus discípulos antes de morrer, teria acontecido nesse dia da semana.
Segundo a Bíblia, foi nessa ocasião que Cristo disse que o pão simboliza seu
corpo e o vinho, seu sangue. Por isso, esses dois ingredientes representam as
cerimônias de Corpus Christi.
O que
determina em qual quinta-feira do mês acontecerá o feriado é outra data do
calendário cristão: o Domingo da Santíssima Trindade. A quinta seguinte a esse
domingo será o Corpus Christi. O tal Domingo da Santíssima Trindade é sempre o
domingo seguinte ao Pentecostes – que, por sua vez, ocorre 50 dias após o
domingo de Páscoa.
Embora a escolha do dia da semana – quinta-feira –
tenha um significado simbólico, associado à Santa Ceia, o fato desta
quinta-feira vir após o Domingo da Santíssima Trindade parece ter sido
determinado arbitrariamente. Dê só uma olhada no documento do
papa Urbano IV, em que ele institui a data.
No Brasil
– assim como em outros países majoritariamente católicos, como Portugal e
França – o Corpus Christi é um feriado nacional. O costume de celebrar a data
veio com a chegada dos portugueses no século 16 e até hoje é uma tradição em
cidades de todo o país, como Ouro Preto (MG), Paraty (RJ) e Pirenópolis (GO). O
ritual envolve enfeitar as ruas com tapetes feitos de serragem tingida, palha,
areia e outros materiais.
A
história do Corpus Christi
A
comemoração entrou no calendário da Igreja Católica no século XIII, por decisão
do papa Urbano IV, que liderou a Igreja entre 1261 e 1264. Mas ele não fez isso
da própria cabeça.
Uma freira belga chamada Juliana de Mont Cornillon
teria sido uma das responsáveis por inspirar o pontífice. Segundo historiadores,
a jovem dizia ter visões e sonhos que foram interpretados como sinais de que a
Igreja precisava celebrar devidamente a eucaristia – isto é, a morte e a
ressurreição de Cristo, para os católicos.
Outro
acontecimento que teria motivado o papa da época a instituir o Corpus Christi
foi um suposto milagre que aconteceu após um encontro, em Roma, de Urbano IV
com um sacerdote da Boêmia (que hoje inclui regiões da Alemanha, da Polônia e
da Áustria). Enquanto voltava para casa, o sacerdote parou em Bolsena, na
Itália, para uma cerimônia da eucaristia. Durante o ritual, uma hóstia teria
jorrado sangue.
O
episódio ficou conhecido como Milagre de Bolsena e, quando chegou aos ouvidos
do papa, ele decidiu oficializar a criação do Corpus Christi. A data se
popularizou durante o século seguinte e virou uma das principais festas de
países adeptos do catolicismo. Nossa paz de espírito agradece.
Nenhum comentário:
Postar um comentário